Nesta quinta feira, 23 de maio, às 19:30 horas faremos uma sessão de estudo e debate desse mate elementar. Será apresentado o Método das Barreiras que não possui nada de novo em relação ao Método dos Triângulos e ao Método do W de Cavalo mas pretende ser uma alternativa mais didático e de maior facilidade de memorização.
Por que estudar e treinar o mate de bispo e cavalo?
Se houve uma conclusão do recente Torneio do Mate de Bispo e Cavalo recentemente realizado pela Associação Leopoldinense de Xadrez – ALEX – esta é a seguinte: quem não estudar e treinar com seriedade este mate elementar não conseguirá executá-lo em uma partida de torneio, especialmente sob pressão de tempo. E isso irá acarretar o desperdício de precioso 1/2 ponto e, ainda pior, o pagamento de um grande mico.
A principal objeção contra o estudo desse mate elementar se baseia no fato de ser extremamente baixa a probabilidade dele ocorrer em uma partida de torneio. Na engenharia de risco, entretanto, o cálculo sempre é feito multiplicando a probabilidade de um evento pelo prejuízo que esse evento acarretaria. O risco, em decorrência, é sempre expresso em unidades monetárias. Aplicando essa teoria ao Xadrez de competição, se de fato é muito baixa a probabilidade de desse final acontecer, o mico que se paga no caso de um empate é muitíssimo alto. Multiplicando a probabilidade (pequena) pelo mico (grande), temos uma quantidade de mico alta demais para ser desprezada!
E o pior é que esse tipo de falha sempre ocorre nas piores situações possíveis. Não será em um torneio intercapivaral qualquer… Irá ocorrer na rodada decisiva de um torneio importante, no qual estávamos indo muito bem! A Lei de Murphy garante!
A penúltima comprovação prática desse raciocínio (pois nesse tipo de situação nunca há uma última vez…) foi vivenciada pela atual Campeã do Mundo, a Grande Mestra ucraniana Anna Ushenina que, no importante “Fondation Neva Grand Prix 2013” empatou uma partida pela regra dos 50 lances tendo a sua disposição um bispo e um cavalo para dar mate ao solitário rei da adversária! Daqui há muitos anos, Ushenina não será conhecida como “aquela enxadrista que foi Campeão do Mundo” mas como “aquela Campeã do Mundo que não conseguiu dar o mate de bispo e cavalo”…
Os benefícios desse treinamento
Como afirmamos, não é trivial dar um mate de bispo e cavalo sob pressão de tempo. Além disso, o treinamento mais frequente, utilizando tablebases – tal como é possível fazer com uma assinatura Ouro de Chess Tempo, por exemplo – é muito enganoso pois estas sempre dão o lance que mais tempo leva até o mate e isso implica, muitas vezes, o recuo voluntário do rei solitário até a borda do tabuleiro mais próxima da quina de cor contrária ao bispo, o que facilita a tarefa do lado superior. Assim, nas partidas contra adversários humanos que procuram manter seu rei no centro ou movimentá-lo para o lado onde a dificuldade prática lhes parece maior, a etapa mais difícil é a de forçar o rei solitário até uma borda.
Nessa etapa (mas não somente nela), é necessário saber formar barreiras ao rei adversário, coordenando as ações do bispo, do cavalo e do rei. Dessa forma, o estudo e treinamento sério desse mate elementar pode trazer benefícios muito maiores do que o simples domínio da técnica.
De fato, além da certeza do mate na possibilidade desse final aparecer no tabuleiro, há mais benefícios no treinamento de como se empurra o rei solitário do centro para uma borda e, uma vez na borda, se necessário, de como arrastá-lo de um canto do tabuleiro para o outro, para não falar do treinamento nos mecanismos finais de mate.
Um dos benefícios é o aumento da capacidade de se visualizar vários lances à frente em um tabuleiro vazio, já que a visualização é sempre muito útil nos finais em geral. Outro benefício é a formação do reconhecimento cognitivo dos padrões de ação combinada de um bispo e um cavalo no estabelecimento de *barreiras* para o rei adversário, o que pode ser muito útil no meio jogo, por exemplo, em uma rede de mate.